Tunico da Vila é cantor, compositor e percussionista de samba. Apresenta canções que contam histórias ancestrais, firma-se como grata revelação do samba contemporâneo, aliando sua vivência como músico a experiências ligadas ao seu pertencimento cultural. Retrata por meio de seus shows os ambientes que deram liga ao samba, as rodas de samba e os terreiros. Cria de Vila Isabel, bairro da zona Norte do Rio de Janeiro, possui vivência musical em países africanos. Através de laços de afetividade, conversa musicalmente com seu público por meio de composições, sobre a origem banta e irreverente do samba de partido-alto, e temáticas ligadas ao cotidiano do povo negro como liberdade e sensualidade.
Gravou três álbuns e um EP, o mais recente “Fases da Vida” (2020), foi lançado pela Sony Music com produção musical do premiado maestro Rildo Hora. Suas músicas estão nas playlists de samba mais ouvidas dos aplicativos de música, possui mais de 2,5 milhões de streams nas principais plataformas de música como Spotify e Deezer. Já fez show com sua banda em países como Cabo Verde e Portugal, e se apresentou nas principais casas e teatros do eixo RioSão Paulo. Finalista do Prêmio Profissionais da Música Brasileira 2019 na categoria artista de samba. Em seu novo show “Fases da Vida”, Tunico propõe um voo na origem africana do samba, canta músicas autorais do seu novo álbum, revisita a obra de seu pai Martinho da Vila e de canções que compôs com ele. Um show de memória afetiva e de sons de povos.
Trajetória
Nascido no dia de Santo Antônio, dia 13 de junho, batizado como Antônio João e Pedro Caniné Ferreira, Tunico da Vila, 47 anos, é carioca, nascido e criado em Vila Isabel, possui 27 anos de carreira e uma história intrínseca com a escola de samba do bairro, já que começou a frequentar quando ainda era criança, com seu pai, o cantor e compositor Martinho da Vila e sua mãe Ruça, presidente campeã pela escola. Fez parte da bateria no memorável desfile “Kizomba, Festa da Raça” (1988), faz parte da ala de compositores, é benemérito da escola e autor do samba campeão do carnaval de 2013 junto com Arlindo Cruz e Martinho da Vila. Tunico da Vila começou sua carreira como músico percussionista aos 20 anos de idade, formou-se em percussão pela Ordem dos Músicos do Brasil, participou do 1º Canto Livre de Angola no Brasil em 1983, do KizombaEncontro Internacional de Arte Negra em 1984 e do projeto cultural Palanca Negra em Angola em 1985.
Suas bases musicais foram a escola de samba e o candomblé, iniciado na religião aos 13 anos de idade como ogã de canto. Possui conhecimento musical de ritmos africanos que são irmãos musicais do samba brasileiro como: semba, massemba, funaná, morna, dentre outros. Gravou e atuou com Beth Carvalho, Emílio Santiago, na Rio Jazz Orchestra, com Leila Pinheiro e com seu pai Martinho da Vila, sendo músico percussionista por 25 anos. O início da vida de compositor se deu em 1990, no reduto de compositores de Vila Isabel, o bar Varandão. Seus primeiros parceiros de composições foram os sambistas Paulinho da Aba (in memoriam) e Agrião, músicos lendários do bairro. Posteriormente junto com Ana Costa e sua irmã Analimar formam o grupo “Coeur Sambar”. Já percussionista consagrado, também nos anos de 1990, começa a atuar nos palcos e em intercâmbios com grandes músicos da cena mundial, como Jorge Degas, Banda Maravilha, Homem de Bem, Tito Paris e Luís Represas, com passagens por países como Dinamarca, Portugal, Alemanha, França e Angola, até ser convidado para fazer arranjos percussivos de samba pelo cineasta americano Spike Lee.
Discografia
Em 2003, Tunico da Vila inicia um novo ciclo como cantor de samba e grava seu primeiro álbum intitulado “Tunico Ferreira” (2003), que fez sucesso com a música “Nota de Cem”. Em 2009, lançou seu segundo álbum, ”Na cadência do Partido Alto”, trazendo composições autorais e de partideiros de várias escolas com quem aprendeu a tradição oral do samba como Wilson Bombeiro, Mombaça, Alamir, e outros tarimbados como Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro. Em 2016 lançou o EP “O Velho de Oiá”.
Tunico da Vila e Martinho da Vila compuseram juntos cinco canções, “Para de brincar comigo, mulher” e “É difícil ser fiel” no álbum “O Pai da Alegria” (1999) e “Festa de Caboclo” no CD “Da Roça e da Cidade” (2001) de Martinho da Vila. “Cheguei no Samba”, gravada pelo grupo Swing e Simpatia (2000) “e “Na Beira do Mar” no álbum “Fases da Vida”(2020) de Tunico. Tunico da Vila interpretou “Meu Off Rio” no DVD Sambabook Martinho da Vila (2013), e os sambas de enredo, “De alegria pulei, de alegria cantei ” e “Teatro Brasileiro” no CD “Enredo” (2014) de Martinho, e “Festa no Arraiá”, da autoria de ambos no álbum “Alô Vila Isabeeel” (2018). Cantam juntos, pai e filho, o clássico “Pelo Telefone”, primeiro samba gravado na história, no DVD “Eu, Você e o Samba” (2019) e a canção “Baixou na Avenida” no DVD “Bandeira da Fé” Ao Vivo no Theatro Municipal (2020) de Martinho da Vila, todos disponíveis nas plataformas de música.
Tunico fez shows memoráveis no Teatro Rival com Dona Ivone Lara e Monarco, cantou com Mariene de Castro, Criolo, Otto, Toni Garrido, Fernanda Abreu, Renato Teixeira, Martnália e Xande de Pilares durante o projeto de shows em 2018 “Tunico canta Martinho” em Vitória (ES) e no Teatro João Caetano no Rio. Já se apresentou com sua banda no carnaval de Mindelo em Cabo Verde em África, em Almada e Crato em Portugal, nas principais casas de samba do eixo Rio- SP, nos Teatros Guaíra em Curitiba (PR), Ipiranga (SP) e no Circuito Sesc São Paulo (SP) em São Carlos, Birigui, Presidente Prudente e Ribeirão Preto. Em 2019, Tunico da Vila assina contrato com a gravadora Sony Music e lança o single com videoclipe do samba “Quero, Quero”, convocando amigos da cena do rap para um desabafo coletivo do povo negro. Participaram da releitura da música de 1977 de Martinho da Vila, que teve sua primeira versão gravada em plena ditadura, os artistas BK, Dexter, Rashid, Kamau, Rappin Hood e Melanina Mcs.
Tunico definiu esse trabalho como parte da filosofia africana que segue, o ubuntu, o coletivo liberando energias e força para um mundo melhor. Em 2019, Tunico grava o single e o videoclipe de lamento, “Madalena do Espírito Santo” uma homenagem póstuma à filha cardiopata que faleceu no meio da gravação do álbum. O single conta com a capa do renomado designer Elifas Andreato que retrata uma Pietá Africana e animações do designer Bento Andreato. Além desses dois videoclipes disponíveis no canal Vevo Brasil, Tunico lançou ainda “É dia de rede no mar” uma ode à cultura do povo do mar capixaba e “Nos Caminhos de Um Só”, um canto contra intolerância junto com o parceiro de composição Xande de Pilares. Iniciando uma fase ativista do sambista que passou a realizar shows temáticos em defesa da liberdade religiosa no Rio e no Espírito Santo nos Teatros Sala Baden Powell, da Universidade Federal do ES, como “Sagrada Paz” e “Tunico da Vila e do Terreiro” e o Festival “Cantando a gente se Entende” no Teatro Oi Casagrande. Realiza intercâmbio cultural que envolve tradições e ancestralidade no estado do Espírito Santo, onde reside atualmente. O estado é a terra do congo, ritmo africano e da toada “Madalena do Jucu”, adaptada em samba por seu pai em 1989. Tunico insere a congada e os povos de terreiro em suas apresentações e recebeu o título de Cidadão Espírito-Santense da Assembleia Legislativa pelos seus relevantes projetos de economia criativa cultural inserindo agentes da cena de produção musical local.
Em abril de 2020 Tunico da Vila lançou “Fases da Vida” pela Sony Music, o álbum com 12 faixas, apresentou composições próprias de Tunico e trouxe novos parceiros como Dudu Nobre, Xande de Pilares e interpretações divididas com Péricles e Ana Clara. O disco conta com arranjos modernos que preservam os batuques e trazem novos ares para a tradição do samba, assinados pelo maestro Rildo Hora. Em “Na Beira do Mar”, Tunico resgata o samba de partido-alto dividindo os versos de um tema central com Xande de Pilares, Dudu Nobre e Martinho da Vila. Clama com irreverência à volta do cavaquinho na faixa com Péricles em “Cadê Você Cavaquinho?”. Navega por rios e mares, daqui e de lá, da sua música brasileira sem deixar de lado a África que toca seu coração. Canta a maturidade, do amor com suas fases e de sua própria vida de sambista em “Fases da Vida”. O álbum conta ainda com a alegria do semba africano “Iakalaiá”, uma saudação de alto astral em quimbundo, uma das línguas de Angola. Além de “Rio de Fé” feat. Ana Clara, “Nos Caminhos de Um Só” feat. Xande de Pilares, “Te levo pro boteco”, “De fato e de direito”, “Que paixão tão linda é essa”; “É dia de Rede no Mar”, “Quero, Quero” e “Madalena do Espírito Santo”.